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domingo, 18 de abril de 2010

Augusto dos Anjos


Agora, viajando um pouco por literatura, vou falar de Augusto dos Anjos, um paraibano nascido em sapé, um artista do pré-modernismo (que NÃO é escola literária), um homem que desenvolveu um tipo de poesia que quebrava paradigmas daquela época, pois usava um vocabulário "chulo" para aquela época, introduzindo palavras como escarro, pútrefo, carne, etc,em suas poesias. Ele foi um artista que foi conhecido apenas depois de sua morte, e que marcou época. E se alguém ousar dzer que ele não conseguia fazer poemas parnasianos ou de outras escolas, ele deixou algo para "calar a boca" dessas pessoas, são poemas com a mesma métrica (soneto) e o mesmo tipo de rima de algumas escolas (parnasianismo, romantismo, etc)...
Ele nasceu no ano de 1884, no dia 20 de abril, e morreu no ano de 1914, no dia 12 de novembro, na cidade de Leopoldina, é um poeta crítico, e que publicou apenas um livro em toda sua vida, um livro chamado EU, que o consegarou anos depois de sua morte (é um livro com suas poesias)
Colocarei aqui, algumas de suas poesias:

1-

Agonia de um filósofo

Consulto o Phtah-Hotep. Leio o obsoleto

Rig-Veda. E, ante obras tais, me não consolo...

O Inconsciente me assombra e eu nele rolo

Com a eólica fúria do harmatã inquieto!

Assisto agora à morte de um inseto!...

Ah! todos os fenômenos do solo

Parecem realizar de pólo a pólo

O ideal do Anaximandro de Mileto!

No hierático areópago heterogêneo

Das idéias, percorro como um gênio

Desde a alma de Haeckel à alma cenobial!...

Rasgo dos mundos o velário espesso;

E em tudo igual a Goethe, reconheço

O império da substância universal!


2-

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,

Monstro de escuridão e rutilância,

Sofro, desde a epigênese da infância,

A influência má dos signos do zodíaco.

Produndissimamente hipocondríaco,

Este ambiente me causa repugnância...

Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia

Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme -- este operário das ruínas --

Que o sangue podre das carnificinas

Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,

E há de deixar-me apenas os cabelos,

Na frialdade inorgânica da terra!


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